OS PILARES DO CONSCIENCIALISMO COMO UM NOVO MOVIMENTO SOCIAL/REVOLUCIONÁRIO
“A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original.”
(Albert Einstein)
Mostramos que a Consciência é a caminho de transformação para um novo Ser Humano, consciente de sua totalidade e unicidade perante o Universo. Neste contexto, as bases de ação humana estarão em seu próprio interior (BARRETO, 2009), constituindo assim os pilares do Consciencialismo em três aspectos: Estrutura Física, Psíquica e Moral; Níveis de sentir, pensar e agir do Ser Humano; Relação Entre Ser Humano / Deus; Ser Humano / Natureza; Ser Humano / Ser Humano.
O Ser humano é um ser bio-psico-sócio-espiritual e refletir sobre as questões humanas é estar ciente da sua estrutura física, psíquica, moral: é permitir que cada Ser Humano tenha consciência de sua condição humana, situando-a em seu mundo físico, em seu mundo biológico, em seu mundo histórico, em seu mundo social, a fim de que tal condição possa ser assumida (MORIN, 2001). Por isso se faz necessária mudança de postura e pensamento.
Segundo Morin (2000) há necessidade de um pensamento que ligue o que está separado e compartimentado, que respeite o diverso, ao mesmo tempo que reconhece o uno, que tente discernir as interdependências.
Para isso, o Ser Humano precisa estar consciente de seu movimento em relação a si próprio; ao outro e a natureza; ser ético, socialmente responsável, com posicionamento visionário, sem limites para criatividade, usando o corpo para expressar e canalizar a energia do Universo. Então:
[...] a ação ou o pensamento (que são a mesma “coisa”) brotam de uma parte da nossa consciência. Existe uma certa freqüência ou vibração associada à ação ou pensamento. Quando agimos, endossamos aquela realidade, de modo que nos conectamos ao universo pela freqüência ou vibração associada. Tudo “lá fora” com a mesma freqüência responderá a ela, e será refletido em nossa realidade. [...] tudo em nossas vidas — pessoas, lugares, coisas, tempos e acontecimentos — não são senão reflexos de nossas vibrações pessoais. [...] (ARNTZ et. Al, 2007, p111)
Nesta perspectiva, corroborarmos com a idéia de Barreto (2009, p.6) quando afirma que:
O desafio é reconhecer o imutável em si mesmo e caminhar em sua direção, o que perpassa pela busca não só do conhecer, como também do sentir e do ser, pois quando o Ser Humano aprende e sente, enfim, compreende que sua existência está diretamente relacionada com o Imutável, então seus pensamentos, atos e obras logo se modificam.
Reafirmando a idéia de Barreto (2006), para promover mudança o Ser Humano precisa sim estar consciente e conhecer de fato a sua relação com o mundo físico, psíquico e espiritual em seu constante movimento de procura pelo equilíbrio universal.
Quando analisamos o Ser Humano em suas três dimensões: sentir, pensar e agir; buscamos em primeira e última instâncias a razão da nossa existência e a finalidade de nossas vidas, pois a dimensão do pensar é aquela que dá conta do racional, do entendimento de dados e fatos; dimensão do sentir é aquela que dá conta das nossas emoções e valores e a dimensão do agir é aquela ligada às nossas ações e motivações.
Para tal, reporto-me a Ocidemnte (2003, p. 29-31), ao expressar:
1 São eleitos de Deus. Os que já concebem, em si mesmos, que importa deveras ao Ser Humano tornar e manter integrados os seus sentimentos, pensamentos e atos, numa ação de integração, em função de suas, essencialmente necessárias e racionalmente justificáveis, realizações, considerando a Finalidade da Vida, bem como a Razão de Nossa Existência. 2 Afinal é fato que, o Ser Humano é um ser que sente, pensa e age. No entanto, ele não é só o produto, do que sente, pensa e faz, mas também, do meio em que vive, bom que seja redito. 3 Portanto, ele não é só produto, mas, também, produtor do meio em que se encontra inserido. 4 Eis que nós, o mundo e a humanidade somos um, e os fazemos como são e estão.5 Portanto, cada um deve fazer a sua parte para que o todo viva em estado efetivo de Harmonia, Amor, Verdade e Justiça. 6 O Ser Humano, essa trindade, não raro, adormecida, composta que é de altura, largura e profundidade. É tão grande quanto compreende a sua altura como sendo a sua elevação para Deus; a sua largura como sendo a sua busca ao bem estar de si mesmo, do seu próximo, e do meio em que vive; Portanto do todo que é e faz parte, e a sua profundidade como sendo a sua busca acerca de si mesmo, portanto, do Princípio Criador, da Finalidade da Vida, bem como da Razão de Nossa Existência. 7 No entanto, não há mistério na altura nem na largura, mas há na profundidade. 8 Enquanto ignoramos, esquecemos e/ou inobservamos, por exemplo, o que indica a noção exata de alma, de consciência e de Lei Natural, para a nossa evolução abreviada consciente, nos tornamos e mantemos densos, ainda que tenhamos pouco volume, pois estaremos baixos na altura, estreitos na largura e rasos na profundidade. 9 Eis que, meus amados, Deus nos quer onde estamos e como somos, sem a menor possibilidade de sermos outra coisa, senão nós mesmos. 10 Portanto, busquem saber, cada vez mais, se integrarem à força para não se entregarem à força, pois o Ser Humano não pode deixar de adquirir a sabedoria, a força e a beleza. No entanto, deve estar bem claro que, senão nada, pouco adianta adquirir a sabedoria e a força, e não se ter beleza em suas ações.
Portanto, o Ser Humano deve ser livre, inteligente e criativo para buscar o equilíbrio entre materialidade e espiritualidade; consciente de sua força para alcançar a sustentabilidade e a religação com o todo.
Parafraseando Morin (2000, p.157-158), a relação do homem com a natureza não pode ser concebida de forma redutora nem de forma separada, pois a humanidade é uma entidade planetária e biosférica onde o Ser humano é ao mesmo tempo natural e sobrenatural tendo sua origem na natureza viva e física, emergindo dela e se distinguindo dela pela cultura, pensamento e consciência.
Neste sentido, cabe trilharmos o caminho da evolução, mostrando os diferentes estágios do viver e da compreensão do Ser humano a partir de sua constituição física, psíquica, moral e suas tendências sobre o sentir, pensar e agir. Conforme quadro a seguir:
MOVIMENTOS SOCIAIS/REVOLUCIONÁRIOS |
HUMANISMO (Segunda metade do século XIV) | Física/ Psíquica/ Moral | Sentir/ Pensar/Agir |
Reconhecimento da totalidade como ser formado de alma e corpo destinado a viver no mundo e a dominá-lo. O Humanismo reivindica para o homem o valor do prazer, exalta a sua dignidade e liberdade.
Valorização das disciplinas que estudam o ser humano. | Nega a superioridade da vida contemplativa, sobre a vida ativa.
O Homem é a medida de todas as coisas.
Os artistas começam a dar mais valor às emoções. |
RENASCIMENTO (Fim do século XIV até o século XVII aprox.) | Renovação moral, intelectual e política decorrente do retorno aos valores da civilização em que o homem teria obtido as suas melhores realizações: a greco-romana. O corpo humano com todos os seus detalhes era exaltado na escultura e na pintura. Ideais do Renascimento: Antropocentrismo
Hedonismo (prazer individual e imediato com supremo bem da vida humana).
- Racionalismo
- Otimismo
- Individualismo
| Desenvolvimento do espírito crítico, racionalista; Formava-se um novo perfil do homem das ciências, oposto ao obediente religioso que tudo acreditava em nome da fé. |
ILUMINISMO (Século XVIIIII aprox.) | Os princípios religiosos baseados na fé foram substituídos por princípios científicos baseados na razão.
O Iluminismo adota a fé cartesiana da razão, mas também acha que é limitado o poder da razão. | Respeito aos valores individuais como liberdade, igualdade, propriedade.
Ênfase nas idéias de progresso e perfectibilidade humana. |
EXISTENCIALISMO (Meados do século XIX até o século XX.) | O modo de ser do homem é um modo de ser no mundo em determina situação.
O homem nunca é, e nunca encerra em si uma totalidade infinita.
Existir significa relacionar-se com o mundo, com as coisas, com os outros homens.
Não há no ser humano uma alma ou espírito já incorporado. Esta essência será adquirida através da existência, pois o homem define a sua realidade. | O homem está entregue ao determinismo no mundo.
A liberdade do homem é condicionada, finita e obstada por muitas limitações.
O Existencialismo ignora a noção de progresso porque não pode entrever nenhuma garantia dele.
O Existencialismo reconhece sem pudores a importância que tem para o homem, a exterioridade, a materialidade.
Afirma o primado da existência sobre a essência. Essa definição funda a liberdade e a responsabilidade do homem. |
CONSCIENCIALISMO (2010... | Corpo como canalização e expressão de energia do Universo; consciente de seu movimento em relação a si próprio; ao outro e a natureza; ser ético, socialmente responsável com posicionamento visionário sem limites para criatividade.
| O Ser Humano inteligente, livre e criativo, em busca do equilíbrio entre materialidade e espiritualidade consciente de sua força ao alcance da sustentabilidade e da religação com o todo.
|
Fonte adaptada: Barreto, m.; torres, r., 2008.
Este quadro nos leva observar como o Ser Humano vai desenvolvendo suas consciências paulatinamente, a partir do seu sentir, pensar e agir, mas também através do meio no qual está inserido. O Consciencialismo surge neste contexto para preencher lacunas deixadas por nossos antecessores, afinal, como foi dito no inicio desta construção, o passado guarda a nossa história e indica as perspectivas de novos rumos.
É valido considerar que o Ser Humano em todo momento enfrentou e/ ou enfrenta uma gama de desafios; como epidemias, desastres naturais, desmatamento, poluição, guerras, que põem a prova sua sobrevivência e a das futuras gerações; e isso ocorre por que todos nós costumamos pensar que tudo o que nos cerca já é algo que existe sem nossa interferência ou escolha. (ARNTZ et. al, 2007, p. 111) A grande questão é entendermos o ciclo da manifestação universal, onde tudo parte de nós e certamente retornará a nós. Segundo Goswami (1998, p.19):
Um nível crítico de confusão satura o mundo contemporâneo. Nossa fé nos componentes espirituais da vida—na realidade vital da consciência, dos valores, e de Deus. [...] As tribulações em que vivemos alimentaram a exigência de um novo paradigma—uma visão unificadora do mundo que integre mente e espírito [...]
Complementando as palavras de Goswami (1998), o mundo não somente precisa de um olhar que unifique mente e espírito, mas sim uma visão que contemple natureza, corpo, mente e espirito, pois as relações entre Ser Humano/Natureza; Ser Humano/Ser Humano e Ser Humano/Deus devem estar pautadas no respeito, no amor, no comprometimento e ações de sustentabilidade, onde teremos certeza que estaremos em completo equilibro, contribuindo para o novo sentido de moralidade nessas relações.
CONVITE AO CONSCIENCIALISMO
“A vida só pode ser compreendida, olhando-se para trás;
mas só pode ser vivida, olhando-se para frente.”
(Soren Kierkergaard)
Neste constante movimento de busca, convidamos a todos a colaborarem e serem multiplicadores desta idéia que surgiu com o intuito de levar a Humanidade a criar, despertar, desenvolver um novo Ser Humano; ético, responsável, fraternal, com ações criativas e sustentáveis, a partir do despertar de sua própria Consciência.
Eis que se todos nós somos formados pela mesma luz, pela mesma força, pela mesma energia, temos por “obrigação” carregar a bandeira do indivisível, da religação com o todo, pois a primeira e última revoluções começam a partir de nós e “a mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original.” Albert Einstein (1879 – 1955).
JUNTE-SE A NÓS!
FAÇA PARTE DESTE MOVIMENTO.
REFERÊNCIAS
ABBAGNANO, Nicola. História da Filosofia. Vol.14. Tradução Conceição Jardim, Eduardo Lúcio Nogueira e Nuno Valadas, Lisboa: Presença, 1970 p.179 – 291
ARNTZ, Willian et. al. Quem somos nós?: a descoberta das infinitas possibilidades de alterar a realidade diária. Rio de Janeiro: Prestígio editorial, 2007. p. 107 – 118.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS Maria Helena Pires. Filosofando, introdução à Filosofia. 2ª edição rev. e atualizada, São Paulo: Moderna, 1993.
BARRETO, Maribel Consciência e educação. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1.,2006, Salvador. Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2006. 1 CD-ROM.
._______________ O Centro é toda parte – a consciência é prova cabal disto. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1., 2008, Salvador. Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2008. 1 CD-ROM.
________________ Consciência Significa sem Significar. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1.,2010, Salvador. Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2009. 1 CD-ROM.
GOSWAMI, Amit. O universo autoconsciente – como a consciência cria o mundo material. Rio de Janeiro: Record – Rosa dos Tempos, 1998. p. 9 p. 225 – 235; p. 263 – 275; p. 310 – 315
JÚNIOR, Alfredo Pereira. Aspectos conceituais e metodológicos da ciência da consciência. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 2., 2007, Salvador. Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2007. 1 CD-ROM.
MELLO, Leonel Itaussu A. COSTA, Luís César Amand. História moderna e contemporânea. São Paulo: Scipione, 1999. p. 38 – 55
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MORIN, Edgar. Religação dos Saberes. São Paulo: Bertrand Brasil, 2001. P. 41 – 52
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